Os metalúrgicos do setor automotivo saíram perdendo com as medidas anunciadas pelo Banco Central (BC) no início de dezembro, quando a instituição financeira alegou necessidade de manter a concessão de crédito sob controle.
“Na prática, o consumidor precisará de mais dinheiro para comprar um veículo, porque as medidas reduzem o prazo de concessão de financiamento, com impacto sobre o crescimento da demanda”, comentou Sérgio Nobre
(foto), presidente do Sindicato.
“Além de tornar o crédito mais caro, inibindo as compras em geral, as medidas também provocarão maior exigência de entrada nos financiamentos de automóveis, prejudicando diretamente o setor automotivo”, disse o dirigente.
“Felizmente, as medidas deixaram de fora as operações de financiamento ou leasing de veículo de carga, o que agravaria ainda mais a situação”, disse o presidente do Sindicato.
PrestaçõesAs medidas do BC valem para financiamentos com prazos entre 24 e 36 meses, quando o valor da entrada for inferior a 20% do valor do veículo.
Já em prazos de 36 e 48 meses, as medidas valem quando a entrada for inferior a 30%. Entre 48 e 60 meses, o aumento incidirá quando a entrada for menor que 40% do valor do bem.
Efeitos já no final de ano
Sérgio Nobre comentou que o Banco Central não consegue adotar outra cartilha que não essa já tradicional. “Para conter a oferta de crédito, tiram recursos do sistema financeiro e reduzem os prazos de financiamento, induzindo a elevação dos juros para o consumidor”, explicou. “Crédito mais caro significa menos vendas”, completou.
O governo alega que as medidas vão inibir o surgimento de bolha de consumo graças ao volume de crédito e que não quer bolhas num momento de inflação em alta.
Sérgio Nobre, porém, disse que as medidas são recessivas e já terão reflexo nas festas de final de ano. “Seus efeitos serão no curto prazo”, alertou.
Menos meses, prestações maioresVeja exemplo feito pela seção do Dieese do Sindicato:
Uma pessoa vai comprar um novo Gol básico 1.0 no valor de R$ 27.500,00, dando como entrada um Gol 1000, ano 1995, que atinge no mercado um valor de R$ 5.000. Antes, ele poderia fazer o empréstimo em 60 vezes, com juros médios de mercado, pagando uma parcela fixa de R$ 612,00. Com as novas medidas esse empréstimo terá de ser feito em, no máximo, 36 meses, fazendo o valor da parcela aumentar para R$ 850,00, um valor 39% maior.
Da Redação